Visita de XI Jiping à França, Sérvia e Hungria. 05.05

Certamente um dos maiores eventos das relações internacionais na semana foi a visita do presidente chinês Xi Jiping à Europa. Após 5 anos o líder chinês volta à Europa, agora com destinos: França, Sérvia e Hungria. O objetivo é identificar os caminhos e brechas para enfraquecer as relações Estados Unidos- Europa.

As hostilidades norte-americanas no campo comercial, como a proibição de exportação de chips de IA para a China por exemplo, contribuíram para a estratégia de Pequim de buscar aprofundar as relações com os europeus. Feita de modo individual, como forma de minar o bloco, os chineses fazem uso do comércio e abertura do mercado como principais alavancas.

O primeiro país visitado foi a França, cujo objetivo era restabelecer a cooperação bilateral União Européia- China e escapar das restrições impostas pelos Estados Unidos. Emmanuel Macron, presidente francês tentara convencer Xi Jiping a não se envolver mais na invasão russa à Ucrânia. Porém o pano de fundo no encontro seriam as discussões comerciais, cujo embate seria a acusação de que a China oferece subsídios maciços para veículos elétricos e que o ‘’excesso de capacidade’’ estaria despejando no mercado europeu produtos subvalorizados. O que mais chamou a atenção na visita foram as estratégias usadas, de um lado Xi Jiping preferindo um engajamento em nível bilateral e portanto conversando país com país ( visita do chanceler alemão Olaf Scholz à China em abril)  e de outro a França apostando em uma Europa unida e em bloco, simbolicamente convidando para a conversa a Presidente da Comissão Européia Ursula Von der Leyen.

Na Sérvia a visita tem um caráter comercial mas sobretudo político. Coincidentemente a data da ida de Xi Jiping coincide com o 25 aniversário que uma bomba da Otan ( liderada pelos Estados Unidos) caiu “acidentalmente” na embaixada chinesa em Belgrado durante a Guerra na ex- Iugoslávia, matando três chineses e ferindo outras dezenas. Esse simbolismo representa uma denúncia do Ocidente, enfatizando a necessidade de se remodelar o sistema de governança global. Ademais é preciso salientar que há apoio mútuo, de um lado reconhecendo Taiwan como parte da China, e de outro, que a Sérvia tem direito à sua integridade territorial com Kosovo. No âmbito comercial é preciso dizer que a China assinou acordo que 90 a 95% dos produtos sérvios terão eliminação de tarifas entre 5 a 10 anos. Além disso foi feita a inspeção da modernização da ferrovia que liga Belgrado à Budapeste, dando acesso aos produtos chineses na Europa Central. Outro fato que merece destaque são as instalações de câmeras de segurança na capital Belgrado, feitas pela Huawei e que permite reconhecimento facial. Deste modo a China usa o país para testar sua capacidade de atuar no campo da segurança na Europa, usando a Sérvia como porta de acesso ao mercado europeu.

A Hungria fora o último na visita do líder chinês em solo europeu. O tom usado foi de investimento em fábricas de lítio para baterias de EV.  A Hungria pretende se tornar um centro de distribuição de veículos elétricos na Europa, contando com mão-de-obra barata, 9% de alíquota de imposto corporativo e investimentos chineses. Os principais fabricantes de carros elétricos BYD e CATL já estão em movimento no país, o primeiro anunciou em dezembro de 2023 a construção de uma fábrica em Szeged. Já a segunda empresa já está em andamento as obras da fábrica em Debrecen, e será a maior da Europa, cuja finalização está programada para 2025. A Hungria é o único país da União Europeia a participar da iniciativa chinesa da Cinturão e Rota, sendo que em 1 julho assumirá a presidência rotativa do Conselho Europeu. A Hungria, que já deu apoio à Rússia abertamente, tem a habilidade para obstruir, atrasar ou ser influente em termos de orientação da política da União Europeia, e a China não hesitará em se aproveitar disso.

Nas Relações Internacionais a visita de um chefe de Estado deve ser sempre vista em seus detalhes. É importante destacar que tudo é minimamente planejado, desde os lugares a serem idos, as palavras usadas, tópicos a serem discutidos, e, portanto, carregam um simbolismo muito grande e que devem ser sempre interpretados nas entrelinhas.

Putin anuncia exercícios militares com armas nucleares. 06.05

O presidente russo Vladimir Putin aumentou o tom contra o Ocidente ao alegar a possibilidade de incluir armas nucleares táticas nos exercícios militares.

Essa ação faz parte de uma resposta quanto ao que classificou como “falas provocativas e ameaças de certas autoridades do Ocidente contra a Federação Russa”.

As alegações feitas pelo presidente francês Emmanuel Macron e o Secretário de Estado das Relações Exteriores britânico David Cameron de que a Ucrânia tem o direito de usar armas de longa distância britânicas.

Caso elas sejam usadas o governo russo responderá militarmente, cujo discurso também alega que os norte-americanos e seus aliados estão levando o mundo a um confronto iminente ao apoiar os ucranianos com armas e capital.

Biden avisa que não mandará armas à Israel. 08.05

No decorrer da semana, durante um discurso, o presidente norte-americano Joe Biden avisa que em caso de uma ofensiva terrestre israelense em Rafah, o fornecimento de 3.500 bombas será suspenso ao país. A captura militar da passagem de Rafah coloca Israel no controle total das fronteiras de Gaza, cujo local é um dos principais canais de ajuda humanitária para a região.

As Nações Unidas alertam um possível colapso no fluxo devido ao fechamento de Rafah. A reação do governo de Benjamin Netanyahu ao ouvir a mensagem de Biden foi de que a ação acontecerá de qualquer forma, e que se necessário “Israel lutará sozinha com unhas e dentes”.

A ofensiva israelense continua apesar do aviso, e a ordem de evacuação de civis já fora dada pelas tropas israelenses. A questão do discurso de Biden alertando à Netanyahu parece uma cortina de fumaça para abafar as constantes manifestações pró-Palestina nas universidades norte-americanas. É preciso lembrar que é ano eleitoral no país, e é inevitável que se busque apaziguar a imagem do candidato à reeleição, e vincular à campanha eleitoral.

Filipinas pede expulsão de diplomatas chineses. 10.05.2024

A tensão no Mar da China ganhou novos capítulos durante a semana com o suposto vazamento telefônico de uma conversa entre um almirante filipino e diplomatas chineses.

A crescente discussão até agora acalorada entre ambos e que culminou nos recentes disparos de canhões de água feito pelos chineses em embarcações filipinas.

O centro da crise se dá dentro da Zona Econômica Exclusiva de 200 milhas náuticas da capital Manila, cuja China reivindicam como sua. Ela o inclui na chamada “Linhas dos 9 traços”, que abrange cerca de 90% do Mar do Sul da China, para reafirmar sua reivindicação de soberania sobre o Scarborough Shoal, que é um ponto de pesca privilegiado.

É importante destacar que recentemente o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia decidiu que a expansão de Pequim não tinha base no direito internacional, dando vitória às Filipinas. Mesmo assim a China rejeita tal decisão e envia centenas de navios da guarda costeira para patrulhar a região.

As Filipinas fazem incursões de reabastecimento no recife submerso de Second Thomas Schoal, localizado nas Ilhas Spratly. Nesse local fica um navio encalhado no recife (chineses alegam que foi um ato intencional) e mantido por um contingente de fuzileiros navais, cujas tentativas de reabastecimento são impedidas pelos chineses, que usam táticas como coalisão, abalroamento, uso de lasers e os canhões de água como no episódio citado.

O fato é que os filipinos possuem tratado de defesa mútua com os Estados Unidos, colocando mais combustível em uma área cada vez mais inflamada geopoliticamente.

Tailândia considera medidas anti-dumping contra o aço chinês. 10.05

O Ministério do Comércio da Tailândia pode ampliar as medidas contra o aço laminado à quente chinês, cuja conclusão da investigação será finalizada até junho deste ano.

As maiores empresas de aço tailandesas como Sahaviriya Steel, G Steel e a GJ Steel enviaram petição ano passado para contribuir com o pedido.

O produto é usado em peças automotivas, tubulação de água e em pontes. O país do Sudeste Asiático produz apenas 30%, e o restante é importado dos compradores chineses, que aplicam um preço mais barato que os locais.

Uma medida anti-dumping é um instrumento de defesa comercial, cujo objetivo é proteger a indústria doméstica, sendo aplicada quando um país exporta seus produtos a um preço inferior aquele comercializado no seu mercado interno.

É inegável a preocupação de diversos países do Sudeste Asiático com o avanço e expansão comercial chinês. Não há dúvida que no caso citado o pano de fundo é a guerra comercial com o carro elétrico chinês.

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